Os médicos que atuam no HU (Hospital Universitário) de Canoas iniciaram uma restrição aos atendimentos eletivos, ou seja, não urgentes. A medida foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária do Simers (Sindicato Médico do Rio Grande do Sul), em razão da deterioração das condições de trabalho e da instabilidade financeira enfrentada pela unidade.
Entre os fatores que motivaram a decisão estão a dificuldade de formação de escalas, o ambiente de trabalho inadequado, a ausência de direção técnica e o acúmulo de atrasos salariais.
De acordo com o Simers, a escassez de profissionais tem levado médicos a permanecerem além de seus turnos, chegando a 36 horas seguidas de plantão por falta de substituição.
O hospital enfrenta ainda problemas estruturais. Relatos apontam falhas ou indisponibilidade de equipamentos fundamentais, como o cardiotocógrafo, utilizado para monitoramento fetal; manta térmica, importante para estabilização térmica de recém-nascidos; fibrobroncoscópio, usado em exames das vias respiratórias; aparelho de ressonância magnética e até a serra de gesso, essencial para atendimentos ortopédicos.
Além da precariedade nos insumos e na estrutura física, o Simers aponta atrasos nos pagamentos de honorários e rescisões desde janeiro. Também há a denúncia formal da ausência de um diretor técnico, condição exigida legalmente para o funcionamento da unidade hospitalar.
Mesmo com a restrição, os serviços de urgência e emergência seguem ativos. Os médicos decidiram protestar utilizando fitas pretas e adesivos nos jalecos como forma de alertar para a gravidade da situação.
A entidade afirma que a restrição dos atendimentos é resultado direto da falta de condições mínimas de trabalho e que o movimento continuará até que todos os profissionais recebam os valores devidos e haja melhorias estruturais. De acordo com o sindicato, mesmo antes da mobilização, os atendimentos já vinham sendo limitados pela falta de equipamentos e de pessoal.