A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi anunciada nesta sexta-feira (10) como vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. O anúncio foi feito pelo Comitê Norueguês do Nobel, em cerimônia realizada em Oslo, na Noruega.
Segundo o comitê, Machado foi reconhecida por seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano” e por representar “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.
A ativista receberá 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 6,2 milhões). Ela também conquistou, em 2024, o Prêmio Sakharov, a maior honraria da União Europeia em defesa da liberdade de pensamento.
O comitê destacou que a Venezuela mergulhou em uma crise humanitária e econômica sob o regime de Nicolás Maduro, caracterizado por censura à imprensa, perseguição à oposição, prisões arbitrárias e fraude eleitoral. O país já registra mais de 8 milhões de pessoas deslocadas e enfrenta níveis extremos de pobreza.
“Chama da democracia em meio à escuridão”
Machado, de 57 anos, era a principal candidata da PUD (Plataforma Unitária Democrática) nas eleições venezuelanas. Mas acabou impedida de concorrer pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), sob controle do chavismo.
Para o comitê do Nobel, “a democracia é uma condição prévia para a paz duradoura”, e o prêmio reconhece líderes que se erguem em defesa da liberdade mesmo diante da repressão. “Machado mantém a chama da democracia acesa em meio à escuridão crescente”, diz o comunicado oficial.
O presidente do comitê, Jorgen Watne Frydnes, reforçou que a escolha atende aos critérios originais estabelecidos por Alfred Nobel: promover fraternidade entre nações, reduzir a militarização e trabalhar pela paz.
Trump é preterido, e Casa Branca reage
A decisão do comitê contrariou expectativas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que buscava a premiação após mediar o cessar-fogo entre Israel e Hamas. A Casa Branca expressou insatisfação, e o porta-voz Steven Cheung afirmou que Trump “seguirá fazendo acordos de paz e salvando vidas”.
O comitê, no entanto, descartou qualquer influência política. “Recebemos milhares de cartas todos os anos, mas nossas decisões se baseiam exclusivamente no trabalho e na vontade de Alfred Nobel”, afirmou Frydnes.
Perfil da premiada
Nascida em 1967, María Corina Machado é engenheira, ex-deputada e fundadora da organização Súmate, dedicada à fiscalização eleitoral. Ela se tornou uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, denunciando abusos e defendendo uma transição pacífica.
Machado segue impedida de disputar eleições no país, mas continua mobilizando aliados internacionais e liderando esforços pela realização de eleições livres e justas na Venezuela.