O grupo Hamas confirmou nesta quinta-feira (9) que assinou, com intermediação de Estados Unidos, Turquia e mediadores árabes, um acordo de cessar-fogo permanente com Israel. O pacto prevê o fim oficial da guerra na Faixa de Gaza, a retirada parcial das IDF (Forças de Defesa de Israel) e a libertação simultânea de reféns e prisioneiros.
A assinatura foi confirmada por Khalil Al-Hayya, um dos líderes do Hamas, em pronunciamento televisivo. Ele declarou que recebeu garantias de que o conflito chegou ao fim e que a implementação do cessar-fogo deve começar nas próximas horas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os reféns vivos serão libertados entre segunda (13) e terça-feira (14). E que pretende viajar ao Egito para participar da cerimônia oficial do acordo.
O que prevê o acordo
O pacto assinado pelas partes estabelece os seguintes pontos principais:
- Fim da guerra e cessar-fogo permanente em Gaza;
- Retirada parcial das tropas israelenses até a “linha amarela”, entre 1,5 km e 5 km da fronteira;
- Libertação de 48 reféns israelenses, sendo 20 vivos e 28 mortos;
- Libertação de aproximadamente 2 mil palestinos, entre eles:
- 250 cumprindo prisão perpétua, com deportação para Gaza ou exterior;
- 1.700 presos após os ataques de 7 de outubro;
- 22 menores detidos sem envolvimento nos ataques;
O Hamas exigiu que o acordo exclua qualquer cláusula de desarmamento do grupo. Segundo Osama Hamdan, também líder do movimento islâmico, os palestinos “não aceitam desarmamento” e seguem comprometidos com a “resistência armada”.
Reações e desdobramentos
Donald Trump classificou o cessar-fogo como um “passo para uma paz duradoura” e afirmou que o plano prevê a reconstrução de Gaza com apoio de “países árabes ricos”. O republicano também disse que irá trabalhar para incluir o Irã nas próximas etapas das negociações.
O governo israelense ainda precisa aprovar formalmente o acordo. A votação deve ocorrer nas próximas horas. Uma cópia da resolução, obtida pela CNN, estipula o cronograma de retirada e de libertação dos reféns, com cláusulas específicas para situações de exceção, como o não recebimento de todos os corpos.
Alívio cauteloso na Faixa de Gaza
Em Gaza, o anúncio do cessar-fogo foi recebido com fogos de artifício, tiros para o alto e manifestações de alívio nas ruas, mesmo em meio à destruição. “Perdi minha casa, meus bens e minha filha. Agora, tudo o que quero é que meus netos tenham paz”, disse Abu Bakr, 54 anos, deslocado da Cidade de Gaza.
Moradores como Yousef Al-Shaikh e Eman Jamal relataram esperança no retorno para seus bairros, hoje ocupados ou destruídos. “Ficarei nesta tenda por muito tempo, mas tenho meus filhos vivos”, afirmou Eman.
Apesar do clima de otimismo, muitos se mostram cautelosos quanto à durabilidade do acordo. “Já vimos cessar-fogos antes. Só acredito vendo”, resumiu Abu Bakr.