Oito em cada dez indústrias gaúchas que exportam para os Estados Unidos consideram ineficientes ou insuficientes as medidas apresentadas pelo governo federal para mitigar os efeitos da crise gerada pelas novas tarifas norte-americanas. Os dados constam em levantamento realizado pela FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), divulgado nesta quarta-feira (3).
Segundo a entidade, a linha de crédito oferecida e o diferimento de tributos são percebidos como de baixo impacto pelas empresas consultadas. A pesquisa ouviu 135 indústrias exportadoras, sendo 88 com relações comerciais com os Estados Unidos. Esse número representa 8% do total de exportadores gaúchos para o mercado norte-americano.
Medidas estaduais também são mal avaliadas
No âmbito estadual, a percepção é ainda mais negativa. Para 85% das empresas, a linha de crédito oferecida pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) tem pouco efeito. Já a liberação de saldos credores de ICMS é considerada ineficaz por 79,5% dos entrevistados.
Diante da avaliação negativa, as indústrias já adotam medidas próprias para enfrentar os impactos. Entre as principais estratégias estão:
- Renegociação com fornecedores
- Busca por novos mercados internos e externos
- Paralisação temporária de linhas de produção
- Demissões programadas
Em relação aos desligamentos, 50% das empresas apontam risco de corte de vagas. Destas, 60% estimam até 50 demissões, e 23,4% projetam entre 51 e 500 desligamentos.
Percepção de omissão e críticas à diplomacia
A pesquisa também questionou os efeitos da tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos. Para 95,5% dos entrevistados, o impacto é “ruim” ou “muito ruim”. Dois terços dos respondentes projetam redução de faturamento, enquanto metade afirma que haverá cortes de pessoal.
O levantamento, conduzido pela Gerência de Comércio Exterior e pela Unidade de Estudos Econômicos da FIERGS, também revela insatisfação com a postura do governo federal nas negociações diplomáticas. Os entrevistados utilizaram termos como “omisso”, “ineficaz” e “despreparado” para descrever a atuação institucional.