A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta quinta-feira (16), a Operação Falsa Fé, ofensiva contra uma organização criminosa especializada em aplicar o chamado “golpe do falso pai de santo”. A investigação foi conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, com apoio do Ciberlab/Diopi/Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública) e da Polícia Civil de São Paulo.
Durante a ação, 120 policiais civis dos dois estados cumpriram 18 mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária nas cidades paulistas de São Paulo, Itapevi, Cotia e Jacareí.
Até o momento, seis pessoas foram presas, incluindo o homem apontado como o “pai de santo”. Houve a apreensão de celulares, um veículo e bloqueadas contas bancárias ligadas ao grupo.
Golpe se aproveitava da fragilidade emocional das vítimas
Conforme a investigação, uma das vítimas perdeu mais de R$ 180 mil após ser manipulada emocionalmente por criminosos que se passavam por líderes religiosos nas redes sociais. A mulher foi atraída por uma suposta “mãe de santo” que prometia “trazer o amor de volta” por meio de rituais espirituais.
O golpe começou em 29 de maio de 2025, com o pagamento inicial de R$ 300 para um “trabalho de amarração”. A partir daí, os criminosos passaram a exigir valores cada vez maiores, com a justificativa de que “entidades espirituais” exigiam novos rituais, como “dominação de coração”, “casamento de almas” e “afastamento de rivais”.
Os golpistas chegaram a ameaçar a vítima, dizendo que ela seria punida caso desistisse dos pagamentos. Em poucos dias, o grupo passou a exigir transferências de até R$ 37 mil, totalizando mais de R$ 180 mil em um mês.
Organização criminosa usava ameaças e falsos comprovantes
Em determinado momento, um homem que se apresentou como “pai de santo” assumiu as conversas, intimidando a vítima com ameaças de “maldições” e “retaliações espirituais”. Os criminosos também enviavam prints falsos de conversas com supostos gerentes bancários e empresários, alegando bloqueios de valores e exigindo “taxas de liberação”.
Os pagamentos eram feitos por PIX e TED, enviados a contas de diversas pessoas físicas. Segundo a polícia, o grupo mantinha uma rede de contas bancárias para dificultar o rastreamento e disfarçar a origem dos valores.
Cansada e emocionalmente abalada, a vítima procurou a Polícia Civil, que investiga o caso como estelionato e extorsão.
De acordo com a delegada Luciane Bertoletti, o grupo atuava de forma organizada e se especializou em identificar pessoas fragilizadas para explorar financeiramente o sofrimento emocional.
O diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de Canoas, delegado Cristiano de Castro Reschke, destacou que golpes como esse vêm se tornando mais sofisticados, combinando persuasão psicológica e ameaças.
“Os criminosos constroem uma relação de dependência emocional com a vítima. Quando percebem que ela pode parar de pagar, passam a ameaçar e extorquir, iniciando uma segunda fase ainda mais danosa, tanto emocional quanto financeiramente”, afirmou Reschke.
Seu negócio no Agora RS!
Fale com nosso time comercial e descubra como veicular campanhas de alto impacto, personalizadas para o seu público.